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segunda-feira, 31 de março de 2014

Não era um Super Bowl

O confronto entre o Internacional Wolves e o Valença Hunters, neste último domingo (30), colocou à prova quase tudo que era possível, menos o resultado. Afinal, quem se importa com o placar em pré-temporada? Se na NFL ninguém se importa, haveriam motivos para que em uma liga amadora no estado do Rio de Janeiro alguém ligasse? Não. O placar terminou com a vitória por 17 a 13 para o Wolves, bom jogo e com emoção até o fim.

Durante a semana, uma atleta do Valença publicou no evento da partida no facebook, uma foto dizendo que haveria treta. Infantil. Montou todo um circo, sendo que nem era um Super Bowl.

Tenho um respeito muito grande por atletas desse time, por outros, nem tanto. O "presida" do Valença é um deles, quando apitamos em Valença, ele nos recebeu com um ótimo almoço no seu condomínio, fomos muito bem tratados. Outro, é o camisa 33 no qual não sei o nome, mas é um adepto do bom e velho silêncio nas redes sociais.

O duelo começou um field goal para o Wolves, 3 a 0. O placar se manteve até o fim do jogo, quando os times alternaram a liderança. O marcador apontava a vitória dos Hunters por 13 a 9, quando Rodolfo, estreando como quarterback, acertou uma big play para Tiago Barbosa dentro da end zone, após a conversão de dois pontos para o mesmo Tiago, o Internacional assumiu a ponta por 17 a 13, deixando o adversário com três minutos no relógio. Após duas boas jogadas com grande avanço, aconteceu a interceptação do linebacker Celso e o jogo acabou.

Análise Wolves:

Muitas coisas mudaram desde a final contra o Nova Friburgo Yetis, em dezembro de 2013. O Wolves teve a saída do coordenador ofensivo, Matheus Wilbert, e do quarterback, Drake Stockler, ambos foram para o Teresópolis Rockers. Para essa partida, o playbook do Wolves foi reduzido, e os quarterbacks nunca tinham atuado em um jogo na vida. Murilo e Rodolfo foram bem demais. Murilo sempre foi water boy e marcador de pirulito, sempre esteve com o Wolves e finalmente teve uma oportunidade, pois chegou aos 16 anos, idade mínima para atuar no campeonato. O "novinho" mostrou personalidade e distribuiu a bola para muitos alvos, gostei muito. Rodolfo era wide receiver, se tornou quarterback e para um primeiro momento correspondeu ao que se esperava dele, pelo menos para esse jogo. Atuou em um estilo Colin Kaepernick, mas está com uma mania horrível de querer lançar contra o movimento do corpo, sofreu um fumble assim, faltou proteger a bola.

(foto: Yasmin Landim)
O jogo corrido do Wolves, foi regular, longe dos momentos de ouro que viveu em 2012/2013. Certamente, se Antônio, Macleyver, Guilherme Diego e Holyfield atuarem em 2014, o ataque terrestre fica "enjoado".

Os recebedores jogaram DEMAIS! Renan é muito atlético, estava com as mãos calibradas e não falhou quando foi acionado. Lucas veio do Dragons, rival do Wolves, mas jogou com personalidade e logo deixou de lado a desconfiança que poderia ter sido imposta por causa de seu passado. Em jogadas que tinha rota de profundidade, o menino se destacou, bom garoto. Rodrigo Marques era quarterback, se tornou tight end, hoje pode ser considerado uma bola de segurança nesse ataque, olho no gaúcho em 2014. Macleyver também atuou como recebedor nesse jogo, deu show nos passes curtos, obteve grandes avanços e surpreendeu, até bola deitado o jogador recebeu.

Não há muito o que falar sobre a linha ofensiva, estava remendada, mas jogou bem para quem não tinha entrosamento nenhum. Se começar a treinar junta e proteger os quarterbacks, o Wolves pode ter um dos melhores ataques da história da LiFFA.

E, se em 2013, a defesa do time foi uma das melhores da história, o ano não começou legal pra essa vertente. Desfalques fizeram com que a defesa não rendesse o esperado, o destaque ficou por conta do FS novato, Marco. Ex-goleiro, fez duas interceptações e forçou um fumble, tá bom ou quer mais para um estreante? No próximo jogo, contra o Volta Redonda Falcons, dia 13 de abril, alguns pilares da defesa retornam, trazendo mais estabilidade e segurança.

Análise Hunters:

Em fevereiro, apitei o amistoso entre Hunters e o Andorinhas de Magé, vi na equipe de Valença um saco de pancada sem tamanho, que se não melhorasse, seria candidato a tomar uma surra de qualquer um. O time canta de galo após uma vitória comum, sobre um time totalmente desfalcado, feio, né? 

Mas algumas coisas mudaram, outras não. A garra que o time mostrou é aplaudível, vi que dentro do coração de cada um bate um guerreiro. Sem técnica, sem tática, mas que bota na ponta da luva uma vontade sobrenatural.

O time ainda traz um pouco da tradição do soccer: a reclamação excessiva com a arbitragem. Uma pena. Mas parando pra analisar friamente, se alguém com muito conhecimento tomar o comando da equipe, em um ou dois anos eles podem brigar por um título. No interior do Rio, ainda hoje, quem tem mais conhecimento e vivência no esporte, tem grande vantagem sobre o resto que faz na garra.

O ataque não tem playbook e as jogadas são montadas no instinto e no "feeling" que eles fazem sobre a defesa. Algum jogador fala: "dá em mim", eles dão, não há muito critério. Mas quando as jogadas são em operação comboio fica difícil segurar. Algo que me intriga nesse ataque é jogar sem formações conhecidas. Não há i-formation, splits, full-house, shot gun, nada. São derivações bizarras dessas formações, o mais curioso é que dão certo. O full back é enorme, o quarterback tem um braço muito forte, Gabriel Xisto é de um potencial incrível e corre bem. Dois jogadores sobressaíram nas recepções, o camisa 80 e o camisa 22. O primeiro é baixinho, tem uma impulsão invejável, além de ser rápido e sempre buscar a jarda extra. Já o segundo, é muito alto, percebe-se que ele é a bola de segurança. Se não tiver uma secundária alta, o estrago será enorme.

A linha ofensiva é meio inconsistente, alterna momentos bons e ruins, mas há muito material humano. Assim como na defesa, que sempre para o ataque adversário com gang tackle, ou seja, muita gente pra parar um atleta só. O safety camisa 3, é um ótimo jogador, faz boas leituras da defesa e mostra conhecimento do jogo.

Tive divergências com alguns jogadores, mas não foi por mal, espero que entendam que amistoso não é Super Bowl. Tudo o que vivemos foi um teste para ver se são aptos a ingressar na LiFFA 2014. Agradeço a vinda desses atletas, espero encontrá-los mais vezes.    





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