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terça-feira, 21 de outubro de 2014

Canto do Coach - Matheus Wilbert

Seguindo com mais um Canto do Coach, o Opinião F.A dá o espaço para qualquer Coordenador ou Head Coach da LiFFA para apresentar seu trabalho, ideias e desvendar ataques ou defesas dos times do campeonato. Nessa semana temos o técnico é Matheus Wilbert do Teresópolis. Rockers.

Matheus já foi OC do Petrópolis Wolves, agora é Head Coach em Teresópolis, além disso, aplicará um training camp com a equipe do Linhares Panthers em novembro, lá no Espírito Santo. Wilbert montou um material muito interessante com o título: "Desvendando o sucesso do ataque 'à lá Oregon' que vem sendo exibido pelo Nova Friburgo Yetis". Desde já o Blog agradece ao Matheus por disponibilizar o material que produziu.

"O grande sucesso do ataque dos Yetis têm algumas razões. Primeiro o bom trabalho do Head Coach Bernardo Scofano, que exibe uma melhora muito significativa em relação ao final de 2013. A unidade ofensiva liderada pelo QB Zani tem tido muita eficiência nesta temporada, isso se deve a boa execução de simples conceitos e jogadas ensaiadas.

Vamos começar por algumas jogadas utilizadas contra o Giants United na primeira partida da temporada:
Temos na imagem acima o ataque dos Yetis alinhados numa formação 10 (1 RB, 0 TE) Esquerda Trips (3 recebedores na esquerda) com o RB posicionado no lado forte, colocando quatro elegíveis na sua esquerda e isolando o Z na direita. Mesmo com três recebedores na esquerda, a defesa de Itaperuna mantém apenas um CB naquele lado. Reparem que o LB daquele lado está olhando apenas para o QB, e o outro outside linebacker está posicionado numa área onde não há nenhum recebedor. Com isso fica óbvio que a defesa está posicionada para uma marcação em zona, especificamente uma Cover 2. Após fazer a leitura, Zani chama um shift do Outside Receiver X, que no caso é o camisa 81 Hiago. 

Veremos isto na imagem abaixo:



Observamos que a defesa mesmo após o shift permanece a mesma, e neste momento desenvolve-se o que chamamos de “Packaged Play”, ou seja, uma jogada que envolve mais de um conceito e que pode ser executada tanto com uma corrida quanto num passe. Observe que enquanto os recebedores percorrem suas rotas Zani mantém seu foco no Mike (LB do meio) onde, caso este jogador recue, ele entrega a bola para o RB Nathan número 28. Caso o LB permaneça em sua posição de defender a corrida, então Zani vai para o passe. 

Um dos grandes detalhes desta jogada é o stress que o shift do 'X' causa na defesa, colocando dois jogadores na zona de um defensor como podemos ver acima. O grande problema para o jogador em questão será determinar para quem vai o passe e, consequentemente, quem ele irá marcar.




Agora observem: Gabriel Zani decide segurar a bola e observa a progressão das rotas. Em ambos os lados temos dois recebedores na zona de um defensor. Na esquerda temos um jogador no Flat e outro livre numa Go Route. Já na direita temos o Z fazendo um Quick-Hitch In de 4-5 jardas e o X  numa Fade Route.

O resultado é um touchdown fácil do camisa 81, livre na lateral direita do campo.

Vamos agora a uma Triple-Option, jogada onde o QB tem 3 opções:
  1.  Handoff para o RB correr pelo meio (utilizando o componente do Read-Option)
  2. Ele próprio correr.
  3. Fazer um option para o Slotback que o acompanha aberto na lateral
Com as costas na parede, o ataque se alinha numa formação 12 Ace (1 RB e 2 TE sendo um de cada lado da linha). Antes do snap, Zani chama o motion do H que se torna um Slotback.

Neste momento, Zani tem a sua primeira tomada de decisão onde ele deve escolher se faz   o handoff para o RB ou se fica com a bola. Observem que o meio está congestionado e com exatos três jogadores atrás da linha esperando a entrega da bola para o corredor. Porém o camisa 80 acertadamente segura a bola e corre para a direita, onde também estará o 'H' que na imagem vemos se movimentar por trás da formação e em direção a lateral direita.
 
Zani progride e ao se deparar com a aproximação da marcação, faz o option para o H aberto na direita. No final, o jogador Henri que era o 'H' corre o campo todo para um TD de 70 jardas.

Agora vamos analisar algumas jogadas - novamente contra os Giants - sendo executadas desta vez fora de casa. 
Vemos aqui o ataque dos Yetis na formação 12 Ace tradicional.
É uma jogada simples de corrida com o componente do Read-Option. O QB tem a opção de correr pra esquerda ou entregar para o RB correr por fora da linha pela direita. A verdade é que a jogada foi muito fácil, Zani não teve dificuldades pra ler a jogada. Três bloqueadores contra um defensor é igual a corrida pra TD. Não sejam tão inocentes quando enfrentarem esta equipe! E sim, Zani correu para um TD fácil nesta jogada.


Agora vemos os Yetis na Goal-line dos Giants e utilizando uma formação com 5 recebedores (Backfield vazio):


Temos três conceitos nesta jogada:

Na esquerda: Smash, onde o Outside receiver faz um quick hitch para dentro e o Inside Receiver faz uma Corner Route pro canto da endzone.

Na direita: Double slants onde Outside e Inside receivers percorrem slants simultaneamente. E Stick, onde o RB posicionado como um 3º recebedor, corre para o Flat aproveitando o espaço deixado pelos outros 2 WR’s.
Com este desenho posso dizer que esta é uma “Packaged Play” onde pré-snap o QB deve avaliar qual é o tipo de defesa, se é por zona ou homem a homem. O lado esquerdo permite completar o passe para qualquer tipo de zona, já o lado direito permite completar o passe numa defesa do tipo Man, onde os WR’s fazem slants a frente dos seus marcadores permitindo um passe rápido e ainda levam a marcação pro meio, deixando a lateral aberta para uma passe no Flat para o RB. Com a leitura exata por parte do QB e com uma boa execução nas rotas e no passe, essa jogada se torna praticamente indefensável.

No fim, o Inside receiver da esquerda fica livre na Corner Route e marca o TD.


 



Acima vemos o ataque numa formação 21 (2 RB 1 TE) com o RB Nathan do lado esquerdo de Zani e com o H-Back Henri a direita dele. O TE em questão está posicionado a esquerda da linha deixando aquele lado mais forte.


Aqui está a arte de enganar por parte dos Yetis e a inexperiência por parte dos Giants. Amigos, temos um TE na esquerda e um RT correndo por trás da linha para aquele lado para aplicar um bloqueio chave (Isto se chama Trap, é um componente de uma jogada e não a jogada em si como alguns acham). É claro que a corrida será para aquele lado, porém o fake para o RB congela a defesa e permite que Zani entregue para Henri correr com facilidade para a esquerda como vamos ver abaixo:


Enfim, é um ataque que utiliza conceitos simples e alguns padrões de jogadas baseados em suas formações. Não vou dizer quais são as chaves pra vencer este ataque, isto fica para o jornalista Guilherme Cohen. Minha parte foi a de analisar o que este ataque tem feito de tão bom para manter o time invicto. Aí está senhores, o nome disso é ser eficiente e aproveitar os erros da defesa e explorar isto ao máximo. É o que eles fazem! Como sempre digo TAMO JUNTO!

Para contato: matheus_wilbert@msn.com"
 

Na próxima semana, mais um técnico da LiFFA, dessa vez, se tudo der certo, Bernardo Scofano.


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